As consolações da filosofia
"Consolações da Filosofia" de Alain de Botton (p. 67 a 73)
Um homem sente-se insatisfeito. Reluta em levantar-se da cama de manhã, mostra-se taciturno e não dá atenção à família. Intuitivamente, culpa a profissão que escolheu, e começa a procurar uma alternativa apesar dos altos custos que isto representa. Numa decisão precipitada, o homem julga que se sentirá mais realizado se escolher o ramo pesqueiro. Invista suas economias em uma rede e uma barraca na feira. No entanto, sua melancolia não abranda. Segundo as palavras de Lucrécio, poeta epicurista, muitas vezes somos como um homem doente, ignorante das causas de sua enfermidade. Recorremos aos médicos porque eles entendem mais do que nós dos homens do corpo. Deveríamos apelar aos filósofos pela mesma razão, quando nosso espírito se encontra enfermo - e julgamos-los de acordo com um sorteio semelhante. Assim como a medicina não traz benefícios se não liberta os homens do corpo, o mesmo acontece com a filosofia, se não liberta os sofrimentos da alma. Para Epicuro, a tarefa da filosofia consiste em nos ajudar a interpretar nossas pulsões indefinidas e, desta forma, evitar planos equivocados para a obtenção da felicidade. Deveríamos parar de agir por impulso e investigar a racionalidade de nossos desejos de acordo com um método de questionamento semelhante ao que foi usado por Sócrates para avaliar definições éticas mais de cem anos antes. E, ao fornecer o que poderia às vezes parecer um diagnóstico racional de nossas aflições, a filosofia nos guiaria - prometeu-nos Epicuro - em direção a curas superiores e felicidade verdadeira. Aqueles que deram ouvidos a barcos devem ter se surpreendido quando descobriram as verdadeiras preferências do filósofo do prazer. A casa onde morava não era confortável. A comida era simples. Epicuro preferia a água ao vinho e contentava-se com um jantar que incluía pão, legumes e uma colher de azeitonas. Mande-me um pouco de queijo, para que eu possa fazer um banquete de vez em quando, pediu a um amigo. Eram estes os gostos de um homem que havia descrito o prazer como o propósito da vida. Não era sua intenção enganar as pessoas. Sua devoção ao prazer era muito maior do que poderia ter imaginado aqueles que o acusavam de fazer orgias. Na realidade, ele nada mais fez que, depois de uma análise racional, chegar a conclusões surpreendentes sobre o que de fato tornava a vida agradável - e, felizmente para quem não dispunham de uma boa renda, parecia que os ingredientes essenciais do prazer , por mais impalpáveis que fossem, não eram muito dispendiosos. Felicidade, um rol epicurista de aquisições: 1. A amizade: Ao retornar a Atenas em 306 aC, com a idade de 35 anos, Epicuro construiu um arranjo doméstico insólito. Estabeleceu-se em um casarão um pouco afastado do Centro de Atenas, no bairro de Melite, entre o mercado e o porto de Pireu, e mudou-se para lá com um grupo de amigos. Entre eles estavam Metrocloro* e sua irmã, o matemático Polieno, Hermarco, Leonteu e sua esposa Temista,e um comerciante chamado Idomeneu (que não tardou em desposar a irmã de Metrodoro). Havia espaço suficiente para que os amigos ocupassem seus próprios aposentos e houvesse cômodos destinados às refeições e às conversas em grupo. Epicuro comentou que: De todas as coisas que nos oferecem a sabedoria para a felicidade de toda a vida, a maior é a aquisição da amizade. Seu interesse em viver na companhia de pessoas afins era tão intenso, que ele recomendava que nunca se comesse sozinho: Antes de comer ou beber qualquer coisa, pondere com mais atenção sobre com quem comer e beber do que a comida ou a bebida, pois alimentar -se sem a companhia de um amigo é o mesmo que vive como um leão ou um lobo. A casa de Epicuro parecia-se com uma grande família, mas aparentemente não havia lugar para o mau humor ou para qualquer sensação de confinamento, apenas solidariedade e gentileza. Só passou a existir quando alguém acompanha nossa existência, o que só passa a ter significado quando alguém consegue entendê-la. Viver cercado de amigos é ter constantemente nossa identidade confirmada; o fato de eles nos conhecerem e se preocuparem conosco tem o poder de nos tirar de nossa indolência. Em seus pequenos comentários, muitas vezes importantes, revelamos conhecer nossas fraquezas e aceitá-las e, desta forma, por sua vez, aceitar que temos um lugar no mundo. Podemos perguntar-lhes Ele não é assustador? ou Você já viu alguma vez que...? e sermos compreendidos, em vez de recebermos respostas enigmáticas como Não, não exatamente - que podemos nos fazer sentir, mesmo em companhia de outrem, tão solitários quanto exploradores polares. Verdadeiros amigos não nos julgam de acordo com critérios seculares, é a nossa personalidade que lhes interessa; como pais ideais, o amor que nos dedicamos não é afetado pela nossa aparência física ou pela posição que ocupamos na hierarquia social. Desta forma não temos escrúpulos em nos apresentar diante deles mal vestidos ou revelar que ganhamos pouco dinheiro este ano. O desejo de possuir riqueza talvez não tenha sido sempre entendido como ânsia por uma vida luxuosa. Um motivo mais importante talvez fosse o desejo de ser admirado e bem tratado. Podemos almejar a fortuna com o único objetivo de garantir o respeito e a atenção das pessoas que, em outras situações, nos desprezariam. Epicuro, ao discernir nossa carência subjacente, demonstrou que uma descoberta de bons amigos sinceros poderia provar o amor e o respeito que mesmo a riqueza não pode. 2. A liberdade: Epicuro e seus amigos fizeram uma segunda inovação radical. Para que não precisassem trabalhar para pessoas de quem não gostavam e submetessem-se a caprichos potencialmente humilhantes, afastassem-se do trabalho no mundo comercial ateniense (Precisamos nos libertar da prisão que os negócios cotidianos e a política cotidiana representam) e formaram o que poderia ser melhor descrito como comunidade, aceitando um modo de vida mais simples em troca da independência. Teriam menos dinheiro,mas não voltariam jamais a se submeter às ordens de superiores que odiavam. Compraram, então, um jardim na vizinhança, um pouco fora dos limites da porta de Dipylon, e passaram a cultivar alguns vegetais, provavelmente bliton (repolho), krommyon (cebola) e kinara (um ancestral da moderna alcachofra, cuja base era comestível, mas não como escamas). Sua dieta não era abundante nem abundante, e sim chinesa e nutritiva. Como Epicuro explicou a seu amigo Meneceu, [O sábio] não escolhe a maior quantidade de comida, mas a mais agradável. A simplicidade não afetava o senso de status dos amigos porque, ao se distanciarem dos valores de Atenas, tinham de julgar a si próprios segundo materiais básicos. Não houve necessidade de constrangimento diante de paredes nuas e nenhum benefício em oferecer a posse de ouro. Entre um grupo de amigos que vivia afastado do centro político e econômico da cidade, não havia - no sentido financeiro - nada a provar. 3. A reflexão: Um dos melhores remédios para a ansiedade é a reflexão. Quando anotamos um problema ou o verbalizamos em uma conversa, permitimos que seus aspectos essenciais venham à tona. Uma vez identificado seu caráter, eliminamos, se não o problema em si, pelo menos as características secundárias que o agravaram: confusão, indecisão, perplexidade. Todos os freqüentadores do Jardim, nome pelo qual ficaram conhecidos a comunidade de Epicuro, foram encorajados a refletir. Muitos de seus amigos eram escritores. Segundo Diógenes Laércio, Metrodoro, por exemplo, escreveu doze obras, entre elas, Sobre o caminho que conduz à sabedoria e Sobre a doença de Epicuro, que se perdeu. Nossos aposentos coletivos da casa de Melite, assim como na horta, deveriam ter oportunidades ininterruptas de examinar problemas na companhia de pessoas que eram tão inteligentes quanto solidárias. Epicuro se preocupava especialmente com que ele e seus amigos aprendessem a analisar suas ansiedades com relação ao dinheiro, à doença, à morte e ao sobrenatural. O filósofo argumentou que, a partir de uma reflexão racional sobre a mortalidade chega-se à conclusão de que depois da morte nada houve senão o esquecimento, e que o que não nos perturba quando acontece é uma preocupação inútil quando o esperamos. Não há sentido em alarmar-se por antecipação com um estado sobre o qual não temos nenhuma experiência: Não existe nada de medonho na vida para o homem que compreendeu realmente que não existe nada de terrível em não viver. A análise sensata acalmava a mente; ela salvou os amigos de Epicuro de vislumbres furtivos das dificuldades que os permaneceram obsedados no ambiente de irreflexão além do Jardim.Sua dieta não era abundante nem abundante, e sim chinesa e nutritiva. Como Epicuro explicou a seu amigo Meneceu, [O sábio] não escolhe a maior quantidade de comida, mas a mais agradável. A simplicidade não afetava o senso de status dos amigos porque, ao se distanciarem dos valores de Atenas, tinham de julgar a si próprios segundo materiais básicos. Não houve necessidade de constrangimento diante de paredes nuas e nenhum benefício em oferecer a posse de ouro. Entre um grupo de amigos que vivia afastado do centro político e econômico da cidade, não havia - no sentido financeiro - nada a provar. 3. A reflexão: Um dos melhores remédios para a ansiedade é a reflexão. Quando anotamos um problema ou o verbalizamos em uma conversa, permitimos que seus aspectos essenciais venham à tona. Uma vez identificado seu caráter, eliminamos, se não o problema em si, pelo menos as características secundárias que o agravaram: confusão, indecisão, perplexidade. Todos os freqüentadores do Jardim, nome pelo qual ficaram conhecidos a comunidade de Epicuro, foram encorajados a refletir. Muitos de seus amigos eram escritores. Segundo Diógenes Laércio, Metrodoro, por exemplo, escreveu doze obras, entre elas, Sobre o caminho que conduz à sabedoria e Sobre a doença de Epicuro, que se perdeu. Nossos aposentos coletivos da casa de Melite, assim como na horta, deveriam ter oportunidades ininterruptas de examinar problemas na companhia de pessoas que eram tão inteligentes quanto solidárias. Epicuro se preocupava especialmente com que ele e seus amigos aprendessem a analisar suas ansiedades com relação ao dinheiro, à doença, à morte e ao sobrenatural. O filósofo argumentou que, a partir de uma reflexão racional sobre a mortalidade chega-se à conclusão de que depois da morte nada houve senão o esquecimento, e que o que não nos perturba quando acontece é uma preocupação inútil quando o esperamos. Não há sentido em alarmar-se por antecipação com um estado sobre o qual não temos nenhuma experiência: Não existe nada de medonho na vida para o homem que compreendeu realmente que não existe nada de terrível em não viver. A análise sensata acalmava a mente; ela salvou os amigos de Epicuro de vislumbres furtivos das dificuldades que os permaneceram obsedados no ambiente de irreflexão além do Jardim.Sua dieta não era abundante nem abundante, e sim chinesa e nutritiva. Como Epicuro explicou a seu amigo Meneceu, [O sábio] não escolhe a maior quantidade de comida, mas a mais agradável. A simplicidade não afetava o senso de status dos amigos porque, ao se distanciarem dos valores de Atenas, tinham de julgar a si próprios segundo materiais básicos. Não houve necessidade de constrangimento diante de paredes nuas e nenhum benefício em oferecer a posse de ouro. Entre um grupo de amigos que vivia afastado do centro político e econômico da cidade, não havia - no sentido financeiro - nada a provar. 3. A reflexão: Um dos melhores remédios para a ansiedade é a reflexão. Quando anotamos um problema ou o verbalizamos em uma conversa, permitimos que seus aspectos essenciais venham à tona. Uma vez identificado seu caráter, eliminamos, se não o problema em si, pelo menos as características secundárias que o agravaram: confusão, indecisão, perplexidade. Todos os freqüentadores do Jardim, nome pelo qual ficaram conhecidos a comunidade de Epicuro, foram encorajados a refletir. Muitos de seus amigos eram escritores. Segundo Diógenes Laércio, Metrodoro, por exemplo, escreveu doze obras, entre elas, Sobre o caminho que conduz à sabedoria e Sobre a doença de Epicuro, que se perdeu. Nossos aposentos coletivos da casa de Melite, assim como na horta, deveriam ter oportunidades ininterruptas de examinar problemas na companhia de pessoas que eram tão inteligentes quanto solidárias. Epicuro se preocupava especialmente com que ele e seus amigos aprendessem a analisar suas ansiedades com relação ao dinheiro, à doença, à morte e ao sobrenatural. O filósofo argumentou que, a partir de uma reflexão racional sobre a mortalidade chega-se à conclusão de que depois da morte nada houve senão o esquecimento, e que o que não nos perturba quando acontece é uma preocupação inútil quando o esperamos. Não há sentido em alarmar-se por antecipação com um estado sobre o qual não temos nenhuma experiência: Não existe nada de medonho na vida para o homem que compreendeu realmente que não existe nada de terrível em não viver. A análise sensata acalmava a mente; ela salvou os amigos de Epicuro de vislumbres furtivos das dificuldades que os permaneceram obsedados no ambiente de irreflexão além do Jardim.Quando anotamos um problema ou o verbalizamos em uma conversa, permitimos que seus aspectos essenciais venham à tona. Uma vez identificado seu caráter, eliminamos, se não o problema em si, pelo menos as características secundárias que o agravaram: confusão, indecisão, perplexidade. Todos os freqüentadores do Jardim, nome pelo qual ficaram conhecidos a comunidade de Epicuro, foram encorajados a refletir. Muitos de seus amigos eram escritores. Segundo Diógenes Laércio, Metrodoro, por exemplo, escreveu doze obras, entre elas, Sobre o caminho que conduz à sabedoria e Sobre a doença de Epicuro, que se perdeu. Nossos aposentos coletivos da casa de Melite, assim como na horta, deveriam ter oportunidades ininterruptas de examinar problemas na companhia de pessoas que eram tão inteligentes quanto solidárias. Epicuro se preocupava especialmente com que ele e seus amigos aprendessem a analisar suas ansiedades com relação ao dinheiro, à doença, à morte e ao sobrenatural. O filósofo argumentou que, a partir de uma reflexão racional sobre a mortalidade chega-se à conclusão de que depois da morte nada houve senão o esquecimento, e que o que não nos perturba quando acontece é uma preocupação inútil quando o esperamos. Não há sentido em alarmar-se por antecipação com um estado sobre o qual não temos nenhuma experiência: Não existe nada de medonho na vida para o homem que compreendeu realmente que não existe nada de terrível em não viver. A análise sensata acalmava a mente; ela salvou os amigos de Epicuro de vislumbres furtivos das dificuldades que os permaneceram obsedados no ambiente de irreflexão além do Jardim.Quando anotamos um problema ou o verbalizamos em uma conversa, permitimos que seus aspectos essenciais venham à tona. Uma vez identificado seu caráter, eliminamos, se não o problema em si, pelo menos as características secundárias que o agravaram: confusão, indecisão, perplexidade. Todos os freqüentadores do Jardim, nome pelo qual ficaram conhecidos a comunidade de Epicuro, foram encorajados a refletir. Muitos de seus amigos eram escritores. Segundo Diógenes Laércio, Metrodoro, por exemplo, escreveu doze obras, entre elas, Sobre o caminho que conduz à sabedoria e Sobre a doença de Epicuro, que se perdeu. Nossos aposentos coletivos da casa de Melite, assim como na horta, deveriam ter oportunidades ininterruptas de examinar problemas na companhia de pessoas que eram tão inteligentes quanto solidárias. Epicuro se preocupava especialmente com que ele e seus amigos aprendessem a analisar suas ansiedades com relação ao dinheiro, à doença, à morte e ao sobrenatural. O filósofo argumentou que, a partir de uma reflexão racional sobre a mortalidade chega-se à conclusão de que depois da morte nada houve senão o esquecimento, e que o que não nos perturba quando acontece é uma preocupação inútil quando o esperamos. Não há sentido em alarmar-se por antecipação com um estado sobre o qual não temos nenhuma experiência: Não existe nada de medonho na vida para o homem que compreendeu realmente que não existe nada de terrível em não viver. A análise sensata acalmava a mente; ela salvou os amigos de Epicuro de vislumbres furtivos das dificuldades que os permaneceram obsedados no ambiente de irreflexão além do Jardim.Não existe nada de medonho na vida para o homem que compreendeu verdadeiramente que não existe nada de terrível em não viver. A análise sensata acalmava a mente; ela salvou os amigos de Epicuro de vislumbres furtivos das dificuldades que os permaneceram obsedados no ambiente de irreflexão além do Jardim.Não existe nada de medonho na vida para o homem que compreendeu verdadeiramente que não existe nada de terrível em não viver. A análise sensata acalmava a mente; ela salvou os amigos de Epicuro de vislumbres furtivos das dificuldades que os permaneceram obsedados no ambiente de irreflexão além do Jardim.
BOTTON, Alain de. As consolações da filosofia ; tradução Eneida Santos. Publicação: São Paulo, SP: Rocco, 2001.
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