Filosofia e filosofias: existência e sentidos

 "Se por liberdade se entende a possibilidade de "fazer o que bem se entende" (ser causa de todas as ações e definir por conta própria o objetivo de todas elas), então os indivíduos não são livres. Uma rápida observação da vida cotidiana basta para fazer ver que ninguém é dotado dessa liberdade nem no plano histórico ou social nem no plano físico-biológico.

Se, ainda, se entende por liberdade a possibilidade de escolher entre uma coisa e outra (ou entre várias coisas), então também os indivíduos talvez não sejam livres; afinal, as opções dadas os tornam limitados (não são eles que criam essas opções) e os obrigam a escolher uma delas. A essa liberdade de escolha dá-se o nome de livre-arbítrio, concepção extremamente frágil e amplamente criticada por diferentes filósofos.

(...) um novo significado para a ideia de liberdade, mais amplo e mais real, [é] o da possibilidade de operar racionalmente com as paixões. A esse sentido da liberdade, [diferentes] pensadores chamarão liberdade de autodeterminação: sobre a base do que é determinado pela Natureza e pela Sociedade, o ser humano revela-se como um ser que também pode se determinar, sendo coautor da corrente de sentido na qual se insere.

(...) O sentido propriamente dito da liberdade seria aquele em que o indivíduo toma consciência de seus limites (sobretudo o das escolhas) e mostra-se capaz de se orientar por convicção no caminho do bem."

FILHO, Juvenal Savian, Filosofia e filosofias: existência e sentidos, Autêntica: Belo Horizonte, 2016, trechos selecionados.

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