Sobre a Música – PLUTARCO. (Uso da Música pelo Centauro Quíron)
E o nobre Homero ensinou que o uso da música é conveniente para o homem. Pois para demonstrar que a música é útil em muitas ocasiões, apresentou Aquiles digerindo sua ira contra Agamémnon através da música que aprendeu do sapientíssimo Quíron:
e encontraram-no deleitando seu espírito com a
[melodiosa fórminge,
bela obra de arte; em torno, argênteo jugo havia:
escolheu-a dentre os espólios depois de destruir a
[cidade de Eétion.
Com ela alegrava seu coração e cantava glórias de homens (Ilíada, IX, 186-189.)
“Aprende”, Homero está dizendo, “como se deve usar a música: pois era adequada a Aquiles, filho de Peleu, o justíssimo, cantar as glórias dos homens e os feitos dos semideuses.” Mais ainda, Homero, ensinando a ocasião mais apropriada do seu uso a quem está em ócio, mostrou que ela é um exercício útil e prazeroso. Pois Aquiles, apesar de ser guerreiro e homem de ação, por causa da sua ira que surgiu contra Agamémnon, não participava dos perigos da guerra. Homero, então, julgou ser apropriado o herói afiar sua alma com as mais belas melodias, para que ele estivesse preparado para sair para a batalha que ele, em breve, iria enfrentar. E ele fazia isso evidentemente lembrando-se dos antigos feitos. Tal era a música antiga e para isso era útil. De fato, ouvimos que Héracles usou a música e Aquiles e muitos outros, cujo mestre, como é transmitido pela tradição, foi o sapientíssimo Quíron, que foi professor de música e também de justiça e de medicina. ((1144 E-F, 1145 A)
(PLUTARCO. Sobre a Música. Tradução de Carmen Soares e Roosevelt Rocha. Universidade de Coimbra: 2010)
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