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Mostrando postagens de maio, 2024

Quais os caminhos para a felicidade?

A felicidade é algo que todas as pessoas desejam e buscam em vida e, por isso, esse é um tema que desde a Grécia Antiga comove a filosofia. As pessoas costumam definir a felicidade de formas diferentes e parece que isso a torna uma experiência única de cada indivíduo. Desse modo não haveria apenas um caminho para a felicidade. Mas quais seriam os fatores que determinam a felicidade individual de cada pessoa? Esses fatores são semelhantes à forma que os filósofos utilizaram para descrever a felicidade ao longo dos anos? Seria possível alcançar a felicidade conjunta, fazendo com que ela deixe de ser uma experiência apenas individual? É natural sentirmos tristeza ao longo da nossa vida. Ninguém está imune a emoções negativas como a melancolia, a angústia, ansiedade ou frustração. Negar ou suprimir essas emoções pode até ser prejudicial. Mas será que ter essas emoções significa que não temos uma vida feliz de modo geral? A felicidade deve ou não ser um estado permanente? Para muitos, a fel...

A existência e a morte

  Não há incômodo maior do que falar da morte. Não se fala dela a pessoas muito doentes ou idosas, embora se saiba que ela pode estar próxima. Não se fala dela a crianças, embora se saiba que ela pode estar distante. Também não se fala a quem perdeu um ente querido, embora se saiba que ela está presente. Não falar da morte, porém, não significa que todas essas pessoas não pensem nela e, acima de tudo, não sejam afetadas por ela. Ou seja, o incômodo estará lá de um jeito ou de outro, porque falar da morte não seria um incômodo se a própria morte não o fosse. Falar da morte é um incômodo porque sua imagem está aí, assombrando-nos, e falar dela é trazer à tona aquilo que todos carregam em silêncio, como se não falar de um peso em nossas costas pudesse torná-lo mais leve. Mais do que o respeito e a compaixão pelos doentes, crianças ou viúvos, é esse incômodo que inibe a discussão, e essa inibição acabou por constituir-se em um costume bastante difundido nos dias de hoje: evitar falar d...

Defesa de Sócrates

  “(…) Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que supor-se sábio quem não o é, porque é supor que sabe o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte, nem se, porventura, será para o homem o maior dos bens; todos a temem, como se soubessem ser ela o maior dos males. A ignorância mais condenável não é essa de supor saber o que não sabe? É talvez nesse ponto, senhores, que difiro do comum dos homens; se nalguma coisa me posso dizer mais sábio que alguém, é nisto de, não sabendo o bastante sobre o Hades, não pensar que o saiba. Sei, porém, que é mau e vergonhoso praticar o mal, desobedecer a um melhor do que eu, seja deus, seja homem; por isso, na alternativa com males que conheço como tais, jamais fugirei de medo do que não sei se será um bem. (…) Façamos mais esta reflexão: há grande esperança de que isto seja um bem. Morrer é uma destas duas coisas: ou o morto é igual a nada, e não sente nenhuma sensação de coisa nenhuma; ou, então, como se costuma dizer, trata-se de uma mudan...

Carta sobre a felicidade

  “(…) Acostuma-te à ideia de que a morte por anos não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações. A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição a vida efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade. Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver. É tolo, portanto, quem diz ter medo da morte, não porque a chegada deste lhe trará sofrimento, mas porque o aflige a própria espera: aquilo que não nos perturba quando presente não deveria afligir-nos enquanto está sendo esperado. Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário, quando a morte está presente, nós é que não estamos. A morte, portanto, não é nada, nem para os vivos, nem para os mortos, ...

Não Tenho Medo da Morte

Não tenho medo da morte Mas sim medo de morrer Qual seria a diferença Você há de perguntar É que a morte já é depois Que eu deixar de respirar Morrer ainda é aqui Na vida, no Sol, no ar Ainda pode haver dor Ou vontade de mijar A morte já é depois Já não haverá ninguém Como eu aqui agora Pensando sobre o além Já não haverá além O além já será então Não terei pé nem cabeça Nem fígado, nem pulmão Como poderei ter medo Se não terei coração? Não tenho medo da morte Mas medo de morrer,sim A morte é depois de mim Mas quem vai morrer sou eu O derradeiro ato meu E eu terei de estar presente Assim como um presidente Dando posse ao sucessor Terei que morrer vivendo Sabendo que já meu vou Então nesse instante sim Sofrerei quem sabe um choque Um piripaque, opu baque Um calafrio ou um toque Coisas naturais da vida Como comer, caminhar Morrer de morte matada Morrer de morte morrida Quem sabe eu sinta saudade Como em qualquer despedida Para ouvir a música acesse o link: https://youtu.be/1FuaX2T6Xs...

As pequenas chances

  " A morte me diz que foi pouco, embora tenha sido tanto; a morte me diz que eu quase não filmei meu pai, a voz dele, seus gestos. A morte me diz que tirei da câmera do celular o modo “live” para economizar memória (economizar memória), e então perdi segundos de movimento, perdi gestos dele que poderiam estar completos em imagens e pequenos filmes. A morte me diz que não há mais abraço de pai, que nunca mais haverá; a morte é a morte do cheiro, nunca mais, da presença, do tempo. A morte sussurra o não, minha insuficiência; embora tenha sido tanto, foi tão pouco, pai. É sempre tão pouco perto do nunca mais. E nunca mais é tanto tempo." TIMERMAN, Natalia .  As pequenas chances ,  São Paulo: Todavia, 2023  

Do pesar pelos amigos falecidos

Sêneca saúda o amigo Lucílio Lamento muito pela morte do teu amigo Flaco, porém não quero que tu sofras mais do que deves. Ouso exigir fortemente que não sofras, também sei ser o melhor. Mas quem terá esta firmeza de espírito a não ser quem já está elevado muito acima do destino? A ele também entristecerão essas coisas, mas apenas isso. Mas a nós, se irrompemos em lágrimas, isto é perdoável, se não forem em excesso e se nos esforçamos, nós próprios, por reprimi-las. Morto um amigo, os olhos não devem ficar nem secos nem inundados; devem lacrimejar, não chorar copiosamente. Parece que te imponho uma dura lei, quando o maior dos poetas gregos concede o direito de chorar, mas por um único dia, quando disse ser esse o tempo durante o qual Níobe se preocupou com o alimento. Perguntas de onde vêm as lamentações e os prantos desenfreados? Através das lágrimas queremos mostrar nossa saudade, e não nos conformamos com a dor, nós a ostentamos. Ninguém é triste para si. Oh, infeliz estupi...

Se a morte é inevitável, por que não falar sobre ela?

  "A morte é a única certeza da vida". Essa é uma afirmação muito conhecida e nos lembra que  o único requisito para morrer é estar vivo. No entanto, a morte é algo que constantemente apavora a humanidade, por conseguinte, virando um tabu para nós. Mas será que é correto não pensar sobre a morte? Será que alguma reflexão sobre essa limitação humana influenciaria em algo no uso do nosso finito tempo? Ao longo da história, diferentes perspectivas sobre a morte foram elaboradas, nas diferentes religiões e em diferentes correntes filosóficas. Mas a vida é algo escasso, limitado e passageiro, e essas características trazem valor para a existência, pois agregam sentido a nossas ações como o estudo, o trabalho ou o lazer. Acaso veríamos sentido nessas ações se fossemos imortais? Em que a imortalidade contribuiria para o nosso modo de viver? Será que conseguiríamos tirar proveito da infinita existência ou ela seria só um grande tédio? Do mesmo modo que evitamos  pensar sobre a no...

3° encontro com o tema sobre a morte

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  Este é um convite para o 3° encontro do projeto.